Comigo


Durante esse período em que me senti relativamente sozinha, aprendi várias coisas, dentre elas, coisas importantes e algumas outras nem tanto assim; caminhei sem olhar pra trás, porque quer queira quer não, olhar pra trás as vezes nos faz tropeçar e definitivamente se isso acontecesse naquele momento, eu me sentiria um fracasso por não conseguir dar andamento às minhas coisas, à minha vida, em fim. Não sei escrever, mas o que eu sentia (e ainda sinto de vez em quando) era um vazio, mas não era nada que me fizesse sentir incompleta, muito pelo contrário, aquele vazio dos outros dentro de mim, me fez sentir bem só pelo fato de boa parte de mim está sendo completada por ninguém mais, ninguém menos que eu mesma, meus próprios problemas e minhas próprias idéias e tudo que fosse só meu estava dentro de mim naquele instante. Por algum tempo ficamos sentados, fomos felizes naquele curto espaço de tempo, eramos eu, eu mesma e o vazio que outrora fizera com que eu me sentisse sem ninguém e pior, sem mim.

Pronome possessivo 'meu'

Milhares de mentiras e palavras tortas me fizeram mais racional, mais triste e até fria(coisa que eu nunca imaginei que fosse me tornar). Eu sei que as coisas mudam ao par que nós mesmos mudamos, e mais, admito que minha mudança fora rápida e repentina por necessidade, porque eu não aguentava mais ter que escutar as coisas calada e me segurar; passei então a não escutá-las. E junto com o silênciar, uma solidão, um vazio. Me desprendi de tudo e todos, ainda tenho a mim, mas agora sou somente minha.

abobrinha


É tão ruim acordar com aquela sensação de que se é a mais insignificante de todas as criaturas do mundo, tendo nossos corações apertados, fisgados, como se estivessem diminuindo, e não há remédio no mundo que alivie essas dores. Não importa o que você faça no cabelo, nem quantas vezes você o penteia, ele simplesmente parece não combinar com o seu rosto, não importa quantas calorias você economizar, nem quantas dietas você arranjar, você não se satisfaz com seu corpo, não importa quantos copos de vinho você tome, ou quantos copos você deixe de tomar. Você para, pensa, e se pergunta, como foi que tudo aquilo que outrora lhe parecera sólido desmoronou num piscar de olhos? E lembra-se de que você tinha amigas, que um dia chegou a confiar nelas e que até chegou a ter uma família unida, lembra das pessoas que foram embora e que parecem ter levado um pedaço de você, porque sua vida não lhe parece mas tão completa. Você até consegue, por um segundo, imaginar como poderia recuperar tudo aquilo, mas fica só na imaginação.
...

Sete Dias


A semana de avaliações acabara. Há sete dias atrás, significava que eu iria encontrá-lo mas, uma vez sem ele, me vi sem planos para comemorar aquela ocasião, corrijo, na verdade, me vi sem planos e sem companhia. Saí andando, de início à caminho de minha casa, mas pouco depois desviei o percurso, ao resolver subitamente que iria 'comemorar', mesmo que sozinha. Não digo que fora uma experiência nem ruim nem boa, no mais, fora estranho; já havia feito isso outras vezes, mas durante o tempo que desfrutei da companhia dele eu penso que eu devo ter esquecido como era fazer isso. Em meio àquela caminhada 'sem destino' perguntei a mim mesma o que eu estava comemorando, já que aquele monte voltas, não tinham nenhum significado, porque eu só andava, andava e andava, sem pensar em nada, e pior, sem prestar atenção naquele caminho que eu sempre percorria, logo ele, que eu adoro, cujo silêncio me acalma, mas que hoje, não estava tão adorável, e o silêncio me causava dores na cabeça, parecia que tinha perdido o colorido, então, começei a pensar naquilo que dizem, que uma vez triste, a vida perde as cores.

M.E.D.O.


Medindo
Esforços
Distantes um do
Outro.

"/


Ao despertar, levantei de um sonho e mal poderia imaginar o pesadelo que estava por vim ao cair a noite, eu tinha o visto no dia anterior, parecia que nada poderia abalar a nossa relação, não em tão pouco tempo, não no outro dia, não naquele momento. Recebo notícias da sua visita e um aviso de que voltaria a noite, logo pensei que fosse muito sério, e de certo era. Peguei uns livros para colocar os assuntos do colégio em dia, mas nenhum daqueles assuntos conseguira prender minha atenção. Quando noite, soou a campainha, era ele, sua voz pelo inter fone não era feliz e sem nem pensar no que ela poderia estar me dizendo desci as escadas correndo de encontro a ele. O abracei bem forte, eu estava com medo(admito), subimos calados, e ao chegar dentro de casa nos sentamos, meus pais tinham viajado, minha irmã e eu estávamos sozinhas em casa, mas ela não iria atrapalhar, então, ninguém pra atrapalhar, ele olhara para mim com um cara de quem não sabia por onde começar, mas começou, entre várias frases improvisadas que saiam de sua boca, uma delas me comunicava à sua ida pra Salvador, é, ele teria que ir embora, eram cerca de 19:30 e a passagem fora marcada para 22:54, eu não sabia o que falar, nem sabia o que fazer, mas chorei, chorei porque tudo aquilo causara uma dor imensurável dentro de mim, eu tinha consciência de que teria que ter muita calma, afinal, não estava sendo fácil para ele também, então, o abracei e procurei me controlar, ele ficara aqui em casa por mais ou menos 1h e 30 minutos, mas, teve de ir, ainda tinha que arrumar suas coisas, entregar a chave do apartamento que ele estava morando, em fim, ele não podia ficar. Mas tarde, 22:30 arranjei um jeito de ir vê-lo na rodoviária, eu e uns amigos que passaram na minha casa, ele brincava como quem quisesse dizer que não havia motivos pra eu me preocupar, mas no fundo ele queria não se sentir preocupado com tudo aquilo, nem queria que eu me preocupasse, mesmo consciente de que tal coisa era impossível. Conversamos, e por fim chegou a hora dele entrar no ônibus, queria dizer tanta coisa, mas não saia nada, nada se formava em minha cabeça, olhei para ele e ele disse que procuraria voltar logo, as lágrimas já transbordavam em meus olhos e ele me deu um sutil beijo na testa e disse que eu não precisava ter medo, o abracei novamente e ele me beijou e depois fora embora... :~

Aquela

Quem imaginara que aquela, logo aquela, que achava um absurdo perder tempo com namoros na adolescência, aquela que sempre achou bobagem essa coisa de se entregar a um alguém, dedicar seu tempo, sua paciência e sua preocupação a um só alguém, aquela que jurava que uma vez estigmatizada nunca mais iria se deixar levar por devaneios tolos que insistiam em aparecer - lhe. Eis aqui aquela, aquela que parou de estagnar-se contra o tempo e se deixara levar(por desvaneios não mais tolos), não necessariamente para cessar a vontade ter um alguém mas, sim cessar a vontade de ter alguém com quem contar, alguém que fosse um namorado-amigo, que ao sorrir a fizesse feliz, que pudesse olha - la, e mais, entende-la através e somente disso, uma ser que não fosse só uma companhia, entretanto, fosse um motivo, ou mais, uma motivação. Não se sabe definir, nem muito menos decifrar, é tanto sentimento que lá dentro chega ecoar, sabe-se que é bem mais que vontade e desejo, bem mais que felicidade, bem mais que bem estar...E esses sentimentos permitiram com que aquela, mesmo que por vezes, se sentisse muito melhor do que ela realmente era; por fim o mais importante de todos os aprendizados, mesmo que nem todos os relacionamentos durem para sempre, devemos nos confortar ao lembrar que pode não ter sido pra sempre mas, naquele momento, fora verdadeiro.